Os primeiros atos notariais sobre a Família Oltramari formaram-se em Genebra (Suíça), no
século XII. Segundo a tradição, a origem grega é atribuída à família, em um lugar onde
provavelmente os seus expoentes exerceram a profissão de contadores em nome da República de
Gênova. Estas atividades econômicas eram, muitas vezes, causas de guerras entre as
Repúblicas de Veneza e Gênova, para aquelas pessoas que confiavam em um crédito ou no
crédito de outras facções, que tinham que buscar exílio na sua terra natal. Por esta razão,
o nome “ULTRAMARI” pode ter várias derivações, literalmente
significando “Those Who Come
From over the sea” (“aquele que vêm do mar”). Para efeito, quando esta família se abrigava
em Gênova, eles vieram “di.là.dal” sobre o mar da costa da Grécia, “al.di.là.del” sobre o
Mar Adriático. Como muitos nomes italianos, sua origem deriva de um apelido. Eles eram
ligados a muitas famílias importantes, e pelos seus serviços e competências, obtiveram o
privilégio de obter um brasão, que era particular. Nos primeiros brasões, há um campo azul,
cruzado de duas ou três ondas em prata ou ouro. Azul celeste ou azul da cor do mar. Na
realidade, um escudo de armas semelhantes depositado na árvore genealógica aparece em Arcos
de Gênova, e estaria relacionada ao significado do sobrenome.
Ele teve que ser pesquisado em todas as circunstâncias sociais e políticas,
em função das inúmeras variações dos nomes das famílias da época: em 1255, o
povo genovês levantou-se contra a entrada de algumas famílias nobres no
Conselho. Os chamados Ghibellines (parte política contrária a qualquer
interferência política da Igreja Romana), se aproveitaram destes transtornos
e se apresentaram como o partido “popular”, tomando o poder. Como
consequência, houve uma divisão significativa dentro de importantes
famílias: alguns expoentes alinharam-se com a Daria de Ghibelline de um
lado, e outros com a Daria de Guelfa (parte favorável a um acordo com o Papa
para manter a moral da própria política). A parte da família Oltramari,
alinhada com Ghibelline, ao ter seus nomes conduzidos a cargos públicos,
mudou seu sobrenome de Oltramari para Oltramarini.
Em 1263, foram encontrados nos arquivos de Gênova uma escritura de Giovanni
Veglio que fala sobre Jacobinus Ultramare, renomeado alguns anos depois, em
1276, como Jacobinus Oltramarinus (Coleção Notari Antichi, M/22 n° 01). Eram
os Oltramari de fé Guelfa, que passaram pelo exílio em 1333 e foram
abrigados em Mortara, no Ducato de Milão. Muitos deles se estabeleceram
depois em Bergantino, no território de Rovigo (Veneto), que com o tempo
deixou de integrar o Ducato de Ferrara.
Sob a influência de facções políticas, o brasão de família passou por
modificações e aparece então desta forma: de azul da faixa de ouro com cinco
fitas em vermelho, próximos a cabeça de um leão tenente dourado, com ramos
em prata na frente e na ponta uma flor de giglio em ouro. Este leão,
colocado na frente, indica a origem grega da família. As fitas transversais
com os triângulos, assim como o giglio, lembram os padrões da família
guelfe. Atualmente, o ramo Oltramarini foi extinto, embora ainda existam
muitos que continuam a ser expoentes da Família Oltramari. O seu antecessor,
Antonio, refugiado em Genebra em 1595, onde se estabeleceu definitivamente e
casou-se com a neta do célebre escritor Gabriel Faerno, bibliotecário do
Vaticano. Seus descendentes ainda conservam o direito de utilizar suas
nobres normas, que tem inúmeros exemplares tirados de uma escritura de 1727.
Esta família tem estudado e compartilhado toda a história de Genebra com
ilustres professores universitários e teólogos, além de personalidades
políticas e homens do Estado. Atualmente, famílias suíças levam o nome
Oltramari. Na Itália são encontrados em diferentes regiões, acima de tudo em
Vêneto e Lombardia, mas alguns também são encontrados em Emília Romagna,
Trentino (Alto Adige), Lácio e em Puglia, no sul. Porém, todos são
descendentes de ancestrais do Vêneto e principalmente da província de
Rovigo. Bergantino, na costa do Rio Pó. A campanha de Rovigo é a “terra com
históricos” dos Oltramari que residem hoje na Itália e no Brasil.
Pode-se encontrar ainda outras variáveis do nome Oltramari, derivados de
evidentes erros de transcrição nos registros de nascimentos verificados pela
Paróquia de Arcos, onde os filhos Oltramari estão registrados como
Oltremari. Esse erro implicou, como consequência imediata para certas
famílias, em sobrenomes diferentes entre primos e irmãos. Na Itália, a
miséria, a fome, a escassez e as guerras os levaram para a emigração. O
italiano Oltramari ficou na zona de Bergantino e arredores, para além da
metade de 1800, onde permaneceu por conseguinte, com fortunas alternadas,
durante alguns séculos, sendo possível ainda encontrar alguns descendentes
nos dias de hoje. A partir do segundo semestre de 1800, a sua região de
residência, em Vêneto, em particular a baixa Vêneto, também conhecida como
Polesine, passou por uma ruína econômica, que teve como consequência as
guerras da Indepedência. O empobrecimento e a falta de possibilidade em
levar uma vida digna, tiveram como consequência a emigração para o Novo
Mundo, a América, com sua promessa de uma vida melhor e menos sofrida. As
terras das regiões italianas de Vêneto e da Lombardia sofreram um êxodo em
massa: as campanhas foram esvaziando, os grupos familiares desaparecendo de
suas zonas de origem e com pouco dinheiro no bolso e muita esperança,
deixaram sua terra natal a fim de cultivar o sonho americano.
Os expoentes da família Oltramari não foram perdidos, pertences, casas e
terras foram vendidas para parentes que, na maior parte dos casos, não
seriam vistos novamente, com o objetivo de atingirem terras além do oceano.
O principal destino foi os EUA, onde alguns desembarcaram no porto de Ellis
Island, para posteriormente se estabelecer em diversas partes dos Estados
Unidos, enquanto muitos outros escolheram como sua terra o Brasil. Em ambos
os países atualmente residem mais descendentes do que aqueles que emigraram
no final de 1800.
Nos Estados Unidos são encontrados apenas os Oltremari, enquanto no Brasil
há Oltramari, e também diversos Oltremari e Ultramari. Oltramari também está
presente na Alemanha, na França, nas Ilhas Maurício, no Chile, sem esquecer
da formação numerosa na Suíça.
Nada, melhor do que esta distribuição geográfica, mostra a sintonia de um
determinado nome no passado: Oltramari... é apenas “além de todos os mares”!
Receitas da Família
Acompanhe aqui algumas receitas da Família Oltramari
Viva a Família Oltramari!
no Mundo!
e seus Patrimônios Imateriais!
“Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um
pouco
de Deus; e pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo; que,
sendo moça, pensa como uma anciã e, sendo velha, age com todas as
forças
da juventude; quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda
os
segredos da vida, e, quando sábia, assume a simplicidade das
crianças;
pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama, e, rica,
empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos;
forte, entretanto estremece ao choro de uma criancinha, e, fraca,
entretanto se alteia com a bravura dos leões; viva, não lhe sabemos
dar
valor porque à sua sombra todas as dores se apagam, e, morta, tudo o
que
somos e tudo o que daríamos para vê-la de novo, e dela receber um
aperto
de seus braços, uma palavra de seus lábios. Não exijam de mim que
diga o
nome dessa mulher, se não quiserem que ensope de lágrimas este
álbum:
porque eu a vi passar no meu caminho. Quando crescerem seus filhos,
leiam para eles esta página: eles lhes cobrirão de beijos a fronte;
e
dirão que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem
recebida,
aqui deixou para todos o retrato de sua própria MÃE...”
A comemoração dos 100 anos
Nada mais empolgante do que ouvir o grito da mamma: “TÁ NA MESA!” e lá
corríamos nós para pegar, cada um, o seu lugarzinho na mesa, onde sempre
apreciávamos, além de saborosos pratos da mãe, lições de vida
transmitidas pelo pai. Sentado à cabeceira da mesa, Ivo, rodeado pelos
seis filhos e pela mamma Jecyr – comandava o rito sagrado das refeições
diárias. Calma mas firmemente, eles repassavam com sabedoria os
ensinamentos para enfrentar a vida com dignidade e nela obter sucesso
como cidadãos honestos e trabalhadores atuantes.
O livro Culinária da Família Oltramari pretende eternizar a gratidão, o
respeito e o carinho que devotamos aos nossos pais e registra o
centenário de nascimento do pai Ivo Oltramari, junto com os deliciosos
sabores cultivados por toda família.
Motivo de nosso orgulho, o seu legado passou a ser a fonte de inspiração
das nossas futuras gerações.
Depoimento do Xico
Para um Oltramari, comida e família são valores que se fundem logo no
início da vida. Na nossa família de seis filhos, havia sempre um nenê à
mesa. Então após o almoço, a mãe recolhia a louça e o pai colocava o
mais novo sobre a mesa para brincar com todos nós. Para mim, começou aí
a relação familiar com a gastronomia.
O pai contava que a mãe teve como professora a nonna Rachelle Farina,
sua mãe, porque moraram algum tempo com meus avós paternos em Marau. Com
17 anos fez a primeira polenta e o vô Luiz pegou uma fatia, jogou contra
o teto e disse: “Se lá no taca, lá ze bona, se lá taca, no la val
niente” (Se não gruda é boa, se gruda não vale nada). E ela não grudou!
Depois, morando em Passo Fundo, todo 1º de maio, quando abria a
temporada de caça à perdiz, o pai ia caçar e trazia muitas aves que a
mãe preparava para o aniversário dele, em 3 de maio. Recheadas, no molho
com polenta e massa para vinte e trinta pessoas. Assim como aprendeu com
a sogra, ensinou muitas pessoas a cozinhar com carinho e dedicação.
O pai também fazia bons pratos. Seu galeto a menarosto era conhecido.
Engenhoso, usou uma roda de bicicleta e um motor de limpador de
para-brisa para fazer um com oito espetos.
Nossos pais sempre nos deram exemplos de lealdade, amizade e honestidade
e agora, no centenário do nascimento de meu pai, agradeço a eles o que
recebi. Conseguiram, com muito esforço e trabalho, formar todos os
filhos.
Para mim houve um evento que marcou minha vida, mais uma vez envolvido
com a gastronomia. Pela primeira vez em trinta anos participei de uma
greve e numa ida a Marau desabafei com a mãe minha preocupação de ser
demitido. Ela, imediatamente: “Não te preocupes filho, abrimos uma
portinha de polenta”. Ela propunha vendermos polenta! Que guerreira!
Nunca vou esquecer!
3º Encontro da Família Oltramari
Galeria de fotos
Conheça alguns integrantes de nossa família.
Lançamento do Livro Culinária da Família Oltramari.